Forças para escrever esse texto? Não encontrei. Afinal, trocaria todos meus textos para não escrever esse. Mas inspiração para tal? Encontrei 10 motivos.
Acordei hoje, 8/02, com minha mãe me chamando dizendo que havia pegado fogo o Flamengo. Não entendi, mas ainda sonolento, eu disse: “Meu Deus”.
Rapidamente liguei o celular que fica debaixo do travesseiro e li: “Tragédia no Ninho. Incêndio mata jogadores da base e funcionários do Flamengo”.
Na mesma hora senti tristeza, senti dor, me senti jogador.
Lembro, como todo (a) menino (a) apaixonado (a) por futebol, a vontade que eu tinha de ser atleta desse maravilhoso esporte. Acredito que muitos já passaram por esse sonho. Pensar no Maracanã lotado gritando meu nome, meus pais comemorando meu gol… não foi possível. Segui outro caminho o qual eu me adaptava mais. Outros não. Outros seguiram em busca desse desejo imenso de fazer sucesso com a bola nos pés e outros tiveram seus sonhos interrompidos. É Um processo árduo, difícil, que gera sair do seu estado de origem em muitas oportunidades, acreditar em pessoas sem saber a real intenção destas, mas que tem como recompensa a glória do futebol.
É lamentável que passamos a discutir e problematizar certas situações só a partir de tragédias. Não temos, por enquanto, indícios de que esse acontecimento foi fruto de uma irresponsabilidade do clube ou de alguma federação de futebol. Porém, não é errado começarmos a levantar questionamentos, como: Por que os jogos da base costumam ser de manhã ou tarde? Isso não teria problema se não houvesse jogos no calor do Rio e outros estados. Por que as categorias de base não têm investimentos básicos necessários? Sabemos que o Flamengo não entra nessa citação, mas e aquele time do Acre que jogou contra o Palmeiras na Copinha e não tinha dinheiro para ir embora? Ao invés de acharmos legal a atitude do clube (e foi), alguém já parou para pensar em quem é o ser inteligente (para não falar outra palavra) que marca uma partida de futebol em São Paulo sem saber as condições de uma equipe para deslocar-se e manter-se lá? É lamentável, lamentável. Nada disso matou os meninos do Flamengo, mas poderia ter matado de outros times. Até quando vamos esperar tragédias acontecerem? O Flamengo perdeu 10 jogadores. Isso não é problema, afinal se “perde” mais jogadores até com transferências. O Flamengo perdeu 10 vidas, as famílias perderam 10 vidas, o Brasil perdeu 10 vidas, assim como em 2016 perdeu outras 71 vidas e, recentemente, outras 157 vidas. Choramos pela queda do avião da Chapecoense, por Brumadinho e agora pelo incêndio do Ninho.
Hoje, aqui não é Flamengo, aqui não é Vasco, nem Fluminense, nem Botafogo e nem outro clube. Hoje, aqui é solidariedade (como os times fizeram), aqui é tristeza e aqui é Christiann Emério, Arthur Vinícius, Vitor Isaías, Pablo Matos, Bernardo Pisetta, Jorge Eduardo, Átila Paixão, Samuel Thomas, Gedson Santos e Rykelmo Vianna.
Filipe Vianna
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