A grande promessa Rubro-Negra dos últimos tempos foi vendida por 45 milhões de Euros ao poderosíssimo Real Madrid em 2017. A expectativa em cima dele sempre foi grande. Mas por ser novo é normal que houvesse cuidado e que ele teria que se ambientar na Europa. No entanto, Os Galácticos parecem estar perdidos sobre o que fazer com o brasileiro. Leia abaixo algumas constatações importantes.
Ambientação na Série C?
Quando um jogador brasileiro vai para o Velho Continente jogar bola, sabemos que ele tem toda capacidade de arrasar. Afinal, temos um celeiro de craques. Mas até lá, há a necessidade de adaptar-se: ao clima que é mais frio, às vezes mais quente; à falta de familiares por perto (nem todos conseguem ir junto); às críticas... Enfim... Mas para "combater" a isso, os clubes sempre propõem o empréstimo desses atletas. O caso mais comum e recente é o de Philippe Coutinho. Em 2010, quando a Internazionale de Milão anunciou a sua contratação, muitos torcedores se perguntaram: "Quem"? O atleta não jogava nos profissionais com regularidade e era desconhecido. Após um começo razoável na Itália, o Espanyol (ESP) foi o destino do até então "jogador comum". Partidas razoáveis, às vezes boas, fizeram-no voltar para Inter. E aí em 2013, o Liverpool bancou a contratação. Demorou um pouquinho, mas depois o "jogadoraço" deslanchou e se tornou o que conhecemos hoje.
O questionamento é: Por que o Real Madrid emprestou Vinícius para o Real Castilla (time B)? Pior ainda: jogar a Série C. Isso é ambientação? O que ele está aprendendo lá? Quais jogadores estão jogando lá com ele? A consequência disso é 3 gols em 3 jogos e a frase intrínseca: "Me deem uma chance em cima".
Temos o Vinícius. E agora?
Em outro texto escrito aqui no Segue o Jogo, você leu que Neymar foi fazer um teste na equipe Madrilenha com 14 anos de idade. Ele foi aprovado, mas o Santos pagou 1 milhão para que ele ficasse. O Real não achou necessário cobri a oferta de tanto dinheiro por um garoto de 14 anos. Conclusão: Ney estourou e o Barcelona levou.
Sabemos que a compra de Vinícius tem a ver com isso. "Se estourar, eu tenho, senão, pelo menos não foi no adversário". Mas também sabemos que não foi somente por isso. Vinícius sabe jogar bola e já demonstrou isso no Flamengo sendo decisivo em vários jogos e fazendo treinos muito bons no próprio time espanhol com direito a gol de bicicleta. Então por que não coloca-lo pra jogar pelo menos em um jogo? A sensação que passa para nós, brasileiros, fãs de futebol e do atleta, é que não houve planejamento. O jogador carioca está num nível muito acima de série C do Campeonato Espanhol. É nítido. Chega a ser sem graça. Outro ponto a se pensar: o ex- rubro-negro treina SEMPRE com a equipe principal. Isso significa trabalhar com o novo técnico Julen Lopetegui e enfrentar Sérgio Ramos e Varane. Mas na hora de pôr o treino em prática, é contra times de nível baixíssimo na 3ª divisão com jogadores inferiores e com um técnico completamente distinto. Pensa: como trabalhar com alguém e jogar com outro de estilo diferente? Não faz sentido. Planejamento zero!
Deixem o menino jogar
Não estamos aqui escrevendo esse texto para convencer você, nosso leitor, de que Vinícius Jr é o melhor jogador do mundo ou que ele irá virar isso. Nós queremos justamente que você critique isso e refute, se necessário. Mas para tal ação acontecer é preciso o atleta jogar e mostrar o futebol que sabe jogar. Se esse futebol será suficiente ou não, não sabemos, mas queremos saber. Fica então a expectativa de vê-lo jogar com gente grande e observar o que pode ser feito para melhorar. Ficar jogando contra time muito ruim, pode causar até uma ilusão de que ele é gênio, pois se destaca muito. Deixem "a criança" jogar com os grandes e vamos ver o que acontece. Deixem o menino jogar!
Filipe Vianna
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