Fluminense e Vasco brigando lá embaixo no Brasileirão, mas estiveram nas finais do Carioca. O Flamengo era rodeado de expectativas. Acabou ficando em segundo no Campeonato nacional. Mas isso é bom ou ruim? E o Botafogo? Quase naufragou, mas ganhou o troféu de Vencedor do Campeonato Carioca. Afinal, ano bom ou ruim para os clubes do Rio?
Botafogo
O alvinegro do Rio de Janeiro teve um bom início de temporada. Apesar da classificação suada para a Taça Guanabara (1ª Fase do Cariocão), o Botafogo passou em segundo lugar e deu de cara com o Flamengo. Conclusão: vitória rubro-negra – a equipe viria a ser campeã da Taça GB. Seguindo na Taça Rio, o time também passou de maneira difícil, ganhando no saldo de gol. Quando encontrou o Vasco na semifinal, ganhou. Mas quando encontrou o Fluminense, não resistiu e perdeu. No entanto, a fórmula da FERJ previa que os clubes que ganharam os títulos dos dois turnos enfrentassem, em um quadrangular, mais duas equipes de melhor campanha. Nessa, o Bota embarcou. E para surpresa de todos, eliminou o Flamengo na semifinal (culminou na demissão de Carpeggiani) e em um empate espetacular no fim do jogo, levou a partida para os pênaltis. E aí Gatito não ia perdoar. Brilhou defendendo cobranças adversárias e consagrando a Estrela Solitária como Campeã da edição de 2018.
Mesmo que com essa vitória, a equipe era vista como uma incógnita para o Brasileirão. Afinal, uma competição de mata-a-mata é completamente diferente de uma com pontos corridos. A última exige muito mais uma consistência e solidez, sem falar no planejamento. Por sinal, planejamento faltou ao Botafogo. Não perca a conta: foram 5 técnicos durante o ano todo. Tudo começou com Felipe Conceição (ex-jogador) que era auxiliar de Jair Ventura. Tentando cair o raio duas vezes no mesmo lugar, a diretoria testou e fracassou. Tigrão, como era conhecido, caiu após 7 jogos. Com Valentim, o título Carioca veio e tudo parecia acertado. Mas, no meio do Brasileirão, ele foi para o Egito por uma bolada de dinheiro. Para seu lugar, veio o desconhecido Marcos Paquetá que perdeu 4 jogos de 5 disputados. Após esse fracasso, Bruno Lazaroni foi o interino por pouquíssimos jogos, até que Zé Ricardo foi apresentado e ficou. Com ele, o time oscilou bastante e chegou a bater na porta da Zona de Rebaixamento. Do nada, o treinador conseguiu tirar um gás dos atletas e finalizou o ano na 9ª colocação com a classificação pra Sul-Americana de 2019 garantida. Foi um bom ano para o Alvinegro.
Flamengo
Serei categórico com o Flamengo: reprovado! A equipe rubro-negra começou o ano animadíssimo. Somando Diego, Lucas Paquetá, Éverton Ribeiro e Diego Alves, a expectativa era a maior possível. Sem contar que trouxe o artilheiro do campeonato passado: Henrique Dourado. Ganhar o mundo era o objetivo do Mengão, mas o naufrágio começou cedo. Apesar do título da Taça Guanabara, o campeonato Carioca ficou para trás após ser eliminado pelo Botafogo. Na verdade, a derrota começou quando PC Carpeggiani foi trazido para ser Diretor de Futebol e se tornou técnico porque “não tinha ninguém”. Bom, como eu estava falando... Eliminação sofrida pelo Fogão e a queda do treinador. Ainda que isso tenha acontecido, a expectativa ainda era muito boa. Claro, com a incerteza de “quem seria o próximo treinador”? Mas com grandes estrelas no elenco, o que poderia dar errado? Quando o auxiliar Maurício Barbieri assumiu até que chegasse alguém para a posição, as coisas começaram acontecer. O FLA deslanchou, alcançou a liderança e ali ficou. Barbieri chegou a ter 70% de aproveitamento e foi concedido a promoção de auxiliar a técnico após a Copa do Mundo FIFA™. Só que o +Querido caiu de produção com um futebol bem diferente de antes. Nesse princípio de crise veio a eliminação da Libertadores após um baile do Cruzeiro em pleno Maracanã lotado. E, para entornar o caldo de vez, eliminação na Copa do Brasil para o Corinthians. Já em 4º e com um desempenho ruim, a demissão aconteceu e Dorival Jr. Entrou em ação para 12 jogos. E o problema, eu diria, foi sanado, ainda que seja verdade que o Flamengo desperdiçou jogos importantíssimos (1x1 com o Palmeiras, em casa). Em 2º e com 72pts, o Rubro Negro alcançou sua maior quantidade de pontos em uma edição desde a mudança no formato em 2003.
Ainda assim, o ano foi ruim! Esperava-se mais, muito mais. Diego caiu muito de produção, Diego Alves brigou com Dorival, a diretoria formou um elenco sem comando, pois os treinadores só eram chamados para pegar metade do trabalho. Potencial o time tem, mas se não começar da beira do gramado, nada vai para frente. Dia 8/12 tem eleição para presidente na disputa entre Landim (oposição) e Lomba (situação). Só assim poderemos pensar como será o 2019 rubro-negro.
Fluminense
Quando 2018 começou, esperava-se que o Fluminense tivesse um desempenho mediano. No entanto, a verdade é que foi muito pior e que me gerou a afirmação taxativa: foi o pior dos cariocas. Abel Braga foi mantido como técnico, então havia alguma esperança de que ele poderia arrumar o time como já fez em outras oportunidades e com elencos, talvez, piores. O Cariocão foi a primeira competição. Sem ganhar desde 2012 – é que está a mais tempo sem ganhar dos quatro grandes -, o Flu começou mal. A crise já rondava as Laranjeiras e entrou quando nem para a semifinal da Taça Guanabara houve classificação, pois o Boavista o deixou para trás. Fora da primeira etapa, restava a Taça Rio e aí Abel levantou a moral da equipe: foi o que mais pontuou de todos. E para melhorar tudo, na semifinal tirou o Flamengo após o empate por 1x1 (o clube jogava pelo empate). Já na final contra o Botafogo... Melhor ainda: título do 2º turno garantido. Quando entrou a semifinal geral, para determinar o Campeão, as coisas desandaram já de cara após a derrota para o Vasco. Mesmo com uma campanha razoável na primeira competição do ano, havia o burburinho de que o Fluminense precisava de muito mais para se manter 38 rodadas no Brasileirão. E essa previsão feita foi corretíssima. Com um começo razoável, o Flu rondava aquelas posições intermediárias da tabela: 7º, 8º, 9º. Chegou até a figurar em 6º criando expectativas de uma classificação para, no mínimo, a Pré-Libertadores. Após queda de rendimento que gerou até a eliminação para o Avaí na Copa do Brasil e os salários atrasados, Abel não quis mais ficar no clube. Preferiu parar e sair daquela turbulência toda em Julho. E a parte mais sólida do time, o treinador, havia caído. A solução foi boa. O esquecido Marcelo Oliveira, bicampeão Brasileiro com o Cruzeiro, foi chamado e assumiu o posto. Como fator novo naquele cenário, a motivação foi incorporada nos discursos dos atletas e fizeram o tricolor render novamente o que podia. Até que chegou a hora em que Pedro, o destaque, o artilheiro, o homem-gol, se machucou.
A Lesão grave no joelho direito no fim de Agosto desanimou a todos. Essa é a grande verdade. E, posteriormente, o futebol apresentado se tornou muito ruim. A busca incessante por alguém que botasse a bola para a rede passou por Luciano, Everaldo, Júnior Dutra e Kayke. Todos sem sucesso, com um golzinho aqui e outro ali. Só! As coisas ficaram feias para o Fluminense que nas últimas 5 rodadas esteve apenas 4 pontos da Zona da degola. Chegar na última rodada com medo de ser rebaixado foi tenebroso para o torcedor. Nem chegar na semifinal da Sul-Americana foi suficiente. As burradas da diretoria (demissão de Marcelo Oliveira na última rodada) e a falta de planejamento, sem contar no atraso de 4 meses nos direitos de imagem e as brigas frequentes nas reuniões da cúpula fizeram do Fluminense um time sem a menor força para disputar qualquer competição. 2019, futebolisticamente, já começou e com ele a dúvida de quem vai estar à beira do campo tricolor. Antes disso, dia 20/12/2018 está marcada a reunião para votar o Impeachment do presidente Pedro Abad. A verdade é que se o Fluminense não mudar seu pensamento de time pequeno, terá o rebaixamento para a Série B bem próximo, seja ano que vem ou no outro.
Vasco
O Gigante da Colina disputa com o Fluminense o título de time mais conturbado politicamente e internamente. Talvez o Vasco “ganhe” porque está desde o início do ano acumulando problemas internos. O quase título carioca deu esperanças a equipe. Quem esperava que o Vasco fosse para a final do Campeonato Estadual? E ser campeão até os 45’ do 2ºT. A expectativa era que essa quase conquista amenizasse os bastidores do presidente Campello. Falando nele.... Vale lembrar que ele viajou à Rússia (quis ver a Copa né) gerando mal-estar, pois deixou o clube “sozinho”. Além do que, houve uma briga de quem seria o presidente interino nessa mesma época. Este fato gerou até invasão na sala da chefia e a polícia foi acionada. Outro ponto negativo na gestão atual foi o rompimento da aliança com Júlio Brandt no dia da votação do clube e, consequentemente, a junção polêmica com Eurico Miranda que se tornou presidente do conselho dos beneméritos e continua mandando no clube. Quando começou o Brasileirão, apenas uma frase era de conhecimento da maioria das pessoas: “O Vasco briga para não cair”. E foi assim até o final.
Rondando a zona da degola, o Vasco ficou variando entre a 16ª e a 13ª posição. Chegou até figurar na 18ª colocação. Foi emoção do início ao fim. A falta de planejamento e dinheiro proporcionaram toda essa situação. Falando em planejamento, 4 técnicos passaram em São Januário: Zé Ricardo, Jorginho, Valdir Bigode e agora Valentim. O grande acerto foi a contratação de Maxi López. Destaque na luta. A temporada acabou e o Vascão sobreviveu. No último jogo contra o Ceará, qualquer gol levado a qualquer momento rebaixaria o time. Mas tudo se manteve como estava e a Série A garantida para 2019. Falando em 2019, circulam notícias que o clube quer Abel Braga para técnico, caso resolva não ficar com Alberto Valentim. Eu fico pensando: com que dinheiro? Precisa haver um recomeço, um recomeço sincero conscientizando que as coisas estão péssimas e que levará tempo para tudo se ajeitar, mas que é hora de arrumar a casa financeiramente e futebolisticamente. Parem de pensar em Libertadores e se preocupem aqui embaixo com a Série B. É hora de recomeçar!
Filipe Vianna
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